Centro de Educação e Assessoramento Profissional

Entrevista

Entrevistamos nesta edição o Presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do RS – COSEMS/RS e Secretário Municipal de Saúde de Novo Hamburgo/RS Luiz Carlos Bolzan.
CEAP: Estamos em mais um período eleitoral, na tua opinião quais são os temas centrais desta campanha?
Bolzan: Em minha opinião dois temas aparecem muito claros. O primeiro deles é a questão da economia e dentro dele especificamente a geração de emprego. É visível que a população, com o ganho nesta área nos últimos 10, 12 anos, acaba dando muita importância para ela em virtude do Brasil ter chegado ao nível do quase pleno emprego. Isso tem um peso muito grande do ponto de vista político. Por isso acho que essa é uma área que deve ser muito forte, até pelos riscos que outras candidaturas representam ao proporem, através das suas referências técnicas para essa área, diminuição do emprego e redução do custo da máquina pública para pagar mais juros das dívidas. O segundo tema de grande relevância para a disputa eleitoral deste ano é a questão do Sistema Único de Saúde. Tanto é assim que a presidenta Dilma tomou uma iniciativa corajosa no ano passado ao apresentar o programa Mais Médicos ao país inteiro. Esse programa tem tido um grau de sucesso enorme, uma altíssima avaliação positiva por parte da população. Só aqui em Novo Hamburgo, por exemplo, nós temos 98,8% de aprovação da população, avaliando o programa com notas entre 8, 9 e 10. Entre os entrevistados 73,3% avaliam o programa com nota 10. Isso dá uma impressão para nós de que de fato o tema da saúde é um tema importante. O Governo Federal vem apostando nisso, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul vem apostando nisso, se empenhando para ter um financiamento cada vez maior do SUS com repasses fundo a fundo. E para mim, tanto em nível federal quanto estadual, esse é um debate importante. Por que isso é importante? Porque está na pauta dos governos e não apenas porque de fato a saúde é uma grande preocupação do cidadão. Do tripé da seguridade social é aquela que abrange a todas as pessoas, em detrimento da idade ou da situação econômica e todos se apertam quando a sua situação de sua saúde ou de algum familiar está colocado em risco. Então aqui tem um grande apelo populacional, seja individual ou no coletivo e o SUS, por esse motivo e por ter um enfrentamento político e ideológico a ser feito, é tema dessa pauta.
CEAP: Pesquisas apontam que a saúde é um dos temas mais importantes para os eleitores, na tua avaliação porque a saúde está no centro da preocupação?
Bolzan: a preocupação das pessoas refletida nas pesquisas é por conta da grande expectativa dos cidadãos em relação à saúde, especialmente porque eles buscam ter mais e cada vez melhor. Nesse sentido o Estado, dentro dos seus limites, tem que dialogar com aquilo que é possível, real e factível. O que é factível? Organizar o sistema de saúde onde tenham ampliação cada vez maior do acesso, onde se tenha uma qualidade cada vez maior dos serviços e onde o cidadão também possa dialogar com aquilo que é integralidade. Ou seja, com os vários fazeres e saberes em saúde e organizar o sistema para muito além do território municipal, construindo assim uma rede regionalizada e estadual. Na minha avaliação é isso que as pessoas esperam. Tendo cada vez mais acesso a renda, vão buscar, por consequência, uma segurança cada vez maior. Essa segurança não se transforma a prima via na segurança pública conhecida como mais policiamento, mais equipamentos militares para a polícia, mas se transforma numa necessidade de segurança social e ela é manifestada e representada principalmente por aquilo que é a saúde pública e o Sistema Único de Saúde.
Ceap O que esperar no próximo período presidencial em termos de avanço na saúde pública?
Bolzan: Devemos esperar muito e devemos querer muito mais em relação a esta área porque se nós atingimos neste momento histórico do país uma situação de quase pleno emprego e podemos avançar ainda mais nos próximos 4 anos, nós estaremos encaminhando relativamente bem a questão que lida com a geração e distribuição de renda. Nessa mesma linha da distribuição de renda e garantia de direitos, o direito à saúde é um direito preponderante e é extremamente importante para qualificar uma organização social. Portanto, se nós atingimos um passo de chegarmos ao quase pleno emprego, o próximo passo é garantia de direitos e de seguridade social e especificamente dentro dela a saúde é uma área importantíssima. Portanto, eu entendo que o próximo presidente deve sim olhar com muita atenção nessa área porque é uma área social em que temos muito que fazer, muito mais do que já foi feito. Não apenas colocando mais recursos, mas também reorganizando melhor o sistema, garantindo melhores referências e ampliando o acesso aos cidadãos aos serviços de saúde.

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